sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Palavra de Vida - novembro - adolescentes
Para os mais jovens aqui fica a Palavra de Vida deste mês, uma síntese ilustrada do comentário de Chiara Lubich. Pode fazer-se o download para o computador ou clicar em cima para ver a imagem maior.
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Palavra de Vida - novembro - com desenhos
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Palavra de Vida - novembro
«Sede bondosos uns para com os outros, compassivos; perdoai-vos mutuamente, como também Deus vos perdoou em Cristo›› (Ef 4, 32). (1)
Este
programa de vida é concreto e essencial. E já bastaria para criar uma
sociedade diferente, mais fraterna, mais solidária. Esta frase está
incluída
num amplo projeto proposto aos cristãos da Ásia Menor.
Naquelas
comunidades tinha-se conseguido estabelecer a “paz” entre Judeus e
Gentios, que eram os dois povos representantes da humanidade, até então
divididos.
A
unidade, que Cristo nos deu, deve ser sempre reavivada e traduzida em
comportamentos sociais concretos, inteiramente inspirados pelo amor
recíproco. Por isso São Paulo dá as indicações sobre como devem ser os
relacionamentos:
«Sede bondosos uns para com os outros, compassivos; perdoai-vos mutuamente, como também Deus vos perdoou em Cristo››.
Bondade:
querer o bem do outro. É “fazer-se um” com cada próximo,
aproximarmo-nos dele completamente vazios de nós mesmos – vazios dos
nossos interesses, das nossas ideias, dos muitos preconceitos que nos
ofuscam o olhar – para nos revestirmos dos seus pesos, das suas
necessidades, dos seus sofrimentos, para partilhar as suas alegrias.
É
entrar no coração daqueles com quem contactamos para compreender a sua
mentalidade, a sua cultura, as suas tradições e fazê-las, de certo modo,
nossas. E compreender realmente aquilo de que necessitam para saber
captar os valores que Deus depositou no coração de cada pessoa. Numa
palavra: viver para quem está ao nosso lado.
Misericórdia:
aceitar o outro tal como é, e não como gostaríamos que fosse.
Gostaríamos que tivesse um caráter diferente, tivesse as mesmas ideias
políticas que nós, as nossas convicções religiosas, e não tivesse
aqueles defeitos ou aqueles modos de proceder que tanto nos chocam. Não!
Temos que dilatar o nosso coração e torná-lo capaz de aceitar todos,
com as suas divergências, os seus limites e misérias.
Perdão:
ver o outro sempre de um modo novo. Até nas convivências mais bonitas e
serenas, na família, na escola, no trabalho, não faltam momentos de
atrito, divergências, desentendimentos. Há quem chegue até a deixar de
se falar, a evitar encontrar-se, isto para não falar de quando se
enraíza no coração um verdadeiro ódio para com os que pensam de maneira
diferente. É preciso um esforço forte e exigente para procurar ver,
todos os dias, o irmão e a irmã como se fossem novos, completamente
novos, sem nos lembrarmos das ofensas recebidas, mas cobrindo tudo com o
amor, com uma amnistia completa do nosso coração, à imitação de Deus
que perdoa e esquece.
A
paz verdadeira e a unidade só se conseguem quando a bondade, a
misericórdia e o perdão forem vividos, não só por cada um
individualmente, mas juntos, na reciprocidade.
E,
tal como numa lareira acesa, é preciso remexer as brasas, de vez em
quando, para não serem cobertas pelas cinzas, também é necessário, de
tempos a tempos, reavivar conscientemente o amor recíproco, reavivar os
relacionamentos com todos, para que não sejam cobertos pela cinza da
indiferença, da apatia, do egoísmo.
«Sede bondosos uns para com os outros, compassivos; e perdoai-vos mutuamente, como também Deus vos perdoou em Cristo››.
Estas atitudes têm de se traduzir em factos, em ações concretas.
O
próprio Jesus mostrou o que é o amor quando curou os doentes, quando
saciou a fome às multidões, quando ressuscitou os mortos, quando lavou
os pés aos discípulos. Factos, factos: é assim que se ama.
Recordo-me
de uma mãe de família africana: sofreu muito porque a sua filha, a
Rosangela, perdeu a visão de um dos lados, vítima de um rapazito
agressivo que a tinha ferido com uma cana e continuava a zombar dela. Os
pais do rapaz não foram pedir desculpa. O silêncio, a falta de
relacionamento com aquela família amarguravam-na. «Consola-te – dizia a
Rosangela, que lhes tinha perdoado –, tenho sorte, pois posso ver com a
outra vista!››.
«Uma
manhã – conta a mãe da Rosangela –, a mãe daquele rapazinho mandou-me
chamar porque se sentia mal. A minha primeira reação foi: “Olha, agora
vem-me pedir ajuda a mim, com tantos outros vizinhos de casa, vem-me
pedir a mim, depois daquilo que o seu filho nos fez!”.
Mas
imediatamente me lembrei que o amor não tem barreiras. Fui a correr à
sua casa. Ela abriu-me a porta e desfaleceu-me nos braços. Acompanhei-a
ao hospital e fiquei com ela até os médicos tratarem dela. Passada uma
semana, quando saiu do hospital, ela veio a minha casa para me
agradecer. Recebi-a com todo o coração. Consegui perdoar-lhe. Agora
voltámos a falar-nos, ou melhor, nasceu um relacionamento completamente
novo››.
Também
o nosso dia se pode encher de serviços concretos, humildes e
inteligentes, expressões do nosso amor. Veremos crescer a fraternidade e
a paz à nossa volta.
Chiara Lubich
1) Palavra de Vida publicada em Città Nuova, 2006/14, p. 9.
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