terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Palavra de Vida - Dezembro

«Brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu» [Mt 5, 16]. (1)

(…)
A luz manifesta-se nas “boas obras”. Resplandece através das boas obras realizadas pelos cristãos.
Podem dizer-me: «Mas não são só os cristãos que realizam boas obras. Há outras pessoas que colaboram no progresso, constroem casas, promovem a justiça…».
É verdade. O cristão, sem dúvida, faz também tudo isto e deve fazê-lo. Mas não é só essa a sua função específica. Ele deve realizar as boas obras com um espírito novo: aquele espírito que faz com que não seja ele a viver em si próprio, mas Cristo nele.
De facto, o evangelista não se refere apenas a actos de caridade isolados (como visitar os presos, vestir os nus ou outra obra de misericórdia qualquer, de acordo com as exigências actuais). Refere-se à adesão total da vida do cristão à vontade de Deus, de modo a fazer com que toda a sua vida seja uma boa obra.
Se o cristão assim fizer, será “transparente”, e o louvor que obtiver com as suas acções destina-se, não a ele propriamente, mas a Cristo nele. E, através dele, Deus estará presente no mundo. A função do cristão é, pois, deixar transparecer esta luz que existe nele, ser o “sinal” desta presença de Deus entre os homens.

«Brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu».

Se as boas obras de cada cristão têm esta característica, também a comunidade cristã no meio do mundo deve ter essa mesma função específica: revelar, através da sua vida, a presença de Deus, que se manifesta onde dois ou três estiverem unidos no Seu nome. Uma presença que foi prometida à Igreja até ao fim dos tempos.
A Igreja primitiva dava muito relevo a estas palavras de Jesus. Sobretudo nos momentos difíceis, quando os cristãos eram caluniados, ela exortava-os a não reagirem com a violência. A melhor contestação ao mal que se dizia contra eles deveria ser o seu comportamento.
Lê-se na carta a Tito: «Exorta igualmente os jovens a serem moderados, apresentando-te em tudo a ti próprio, como exemplo de boas obras, de integridade na doutrina, de dignidade, de palavra sã e irrepreensível, para que os adversários fiquem confundidos, por não terem nada de mal a dizer de nós» (2).

«Brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu».

Também nos nossos dias, a luz para levar os homens a Deus é a vida cristã vivida. Conto-vos um pequeno episódio.
A Antonieta nasceu na Sardenha mas, por motivos de trabalho, foi para Grenoble, na França. Foi trabalhar para um escritório onde havia muita gente que não tinha vontade de trabalhar. Sendo cristã, procurava ver Jesus em cada pessoa, para O servir. Ajudava todos e estava sempre calma e sorridente. Às vezes, havia quem se zangasse, levantasse a voz e se vingasse nela, ironizando: «Já que gostas de trabalhar, toma lá, bate à máquina também o meu trabalho!».
Ela calava-se e trabalhava. Sabia que não eram maus. Provavelmente cada um teria as suas contrariedades.
Um dia, o chefe de secção foi ter com ela, quando os outros não estavam, e perguntou-lhe: «Agora diga
-me como consegue sorrir sempre e nunca perder a paciência?». Ela rodeou a questão dizendo: «Procuro manter-me calma e ver as coisas pelo lado bom». O chefe de secção bateu com o punho na secretária e exclamou: «Não! Deve ter qualquer coisa a ver com Deus. De outra maneira, seria impossível! E eu que não acreditava em Deus!».
Alguns dias mais tarde, a Antonieta foi chamada à direcção e disseram-lhe que ia ser transferida para outra secção, «para que – continuou o director – a transforme tal como fez com aquela onde está agora».

«Brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu».

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Agosto de 1979, publicada integralmente em Essere la Tua Parola. Chiara Lubich e cristiani di tutto il mondo, vol. II, Città Nuova, Roma 1982, pp. 53-55; 2) Tt 2, 6-8.