sábado, 22 de dezembro de 2012

Feliz Natal


Copyright Gen 4 (Itália)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Palavra de Vida - dezembro - com fotografias


Para os mais jovens aqui fica a Palavra de Vida deste mês - adaptação ao comentário de Chiara Lubich - ilustrada com fotografias. Pode fazer-se o download para o computador ou clicar em cima para ver a imagem maior.

Palavra de Vida - dezembro - com desenhos

 
Para as crianças aqui fica a Palavra de Vida deste mês - adaptação ao comentário de Chiara Lubich - ilustrada com desenhos. Pode fazer-se o download para o computador, para imprimir e pintar ou clicar em cima para ver a imagem maior.
 

sábado, 1 de dezembro de 2012

Palavra de Vida - dezembro

«A quantos O receberam, (…) deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1, 12)

Escrita em 1998 (1)
Esta é a grande novidade que Jesus anunciou e ofereceu à humanidade: a filiação divina. Tornar-se filhos de Deus mediante a graça.
Mas como e a quem é dada esta graça? «A quantos O receberam» e a quantos O hão de receber ao longo dos séculos. É preciso recebê-Lo na fé e no amor, acreditando em Jesus como nosso Salvador.
Mas tentemos compreender mais profundamente o que significa ser filhos de Deus.
Basta observar Jesus, o Filho de Deus, e a sua relação com o Pai: Jesus invocava o seu Pai como no “Pai-Nosso”. Para ele o Pai era “Abbá”, ou seja, o paizinho, o papá, a quem se dirigia com tons de infinita confidência e de extremo amor.
Mas, já que tinha vindo à Terra por nossa causa, não se limitou a estar só Ele nessa condição privilegiada. Ao morrer por nós, redimindo-nos, tornou-nos filhos de Deus, seus irmãos e suas irmãs, e deu-nos, também a nós, mediante o Espírito Santo, a possibilidade de sermos introduzidos no seio da Trindade. De maneira que também nós podemos usar aquela Sua divina invocação: «Abbá, Pai!» (2), ou seja, “papá, meu paizinho”, nosso paizinho, com tudo o que isso representa: certeza da sua proteção, segurança, abandono no seu amor, consolações divinas, força, ardor. O ardor que nasce no coração de quem tem a certeza de ser amado.

«A quantos O receberam, (…) deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus».

Aquilo que nos une a Cristo e nos faz ser, com Ele, filhos no Filho é o batismo e a vida da graça que recebemos com o batismo.
Nesta passagem do Evangelho está também referido o dinamismo profundo desta “filiação”, que se deve atuar dia após dia. Com efeito, é necessário «tornar-se filhos de Deus».
Tornamo-nos, crescemos como filhos de Deus, quando correspondemos à Sua oferta, vivendo a Sua vontade, que está toda concentrada no mandamento do amor: amor a Deus e amor ao próximo.
Receber Jesus significa, pois, reconhecê-Lo em todos os nossos próximos. E também eles poderão ter a oportunidade de reconhecer Jesus e de acreditar n’Ele se, no amor que lhes demonstrarmos, descobrirem uma parcela, uma centelha do amor infinito do Pai.

«A quantos O receberam, (…) deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus».

Neste mês, em que recordamos, de modo especial, o nascimento de Jesus nesta Terra, procuremos aceitar-nos reciprocamente, vendo e servindo o próprio Cristo uns nos outros.
E então uma corrente de amor recíproco, de conhecimento e de vida, como a que liga o Filho ao Pai no Espírito, se instaurará também entre nós e o Pai, e sentiremos aflorar sempre e de novo nos nossos lábios a invocação de Jesus: «Abbá, Pai». 

Chiara Lubich

1) Publicada em Città Nuova, 1998/22, p. 37; 2) Mc 14, 36 – Rm 8, 15.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Desafio de novembro



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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Palavra de Vida - novembro - com fotografias


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Palavra de Vida - novembro - com desenhos

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Palavra de Vida - novembro


«Se alguém Me tem amor, há de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada» (Jo 14, 23).

 Escrita em 2001 (1)
Esta frase faz parte de um dos grandes e intensos discursos de despedida que Jesus faz aos apóstolos. Jesus promete-lhes, aliás, que o voltariam a ver, porque Ele se haveria de manifestar àqueles que o amam.
Judas (não o Iscariotes) pergunta-Lhe então porque é que se iria manifestar só a eles e não em público. O discípulo gostava de uma grande manifestação externa de Jesus, que poderia mudar a História e seria mais útil – na sua opinião – para a salvação do mundo. De facto, os apóstolos pensavam que Jesus era o tão esperado profeta dos últimos tempos, que haveria de aparecer, revelando-se diante de todos como o Rei de Israel e, colocando-se à frente do povo de Deus, instauraria definitivamente o Reino do Senhor.
Mas Jesus responde que a sua manifestação não iria dar-se de modo espetacular e externo. Seria uma simples, extraordinária “vinda” da Trindade ao coração dos fiéis, que se realiza onde existir fé e amor.
Com esta resposta, Jesus esclarece de que modo ficará presente no meio dos seus, depois da Sua morte, e explica como será possível estar em contacto com Ele. 

«Se alguém Me tem amor, há de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada».
 
Portanto, Jesus pode estar presente, desde já, nos cristãos e no meio da comunidade. Não é preciso esperar pelo futuro. O templo que contém esta Sua presença não é tanto aquele feito de paredes, mas o próprio coração do cristão, que se torna, deste modo, o novo tabernáculo, a morada viva da Santíssima Trindade.

«Se alguém Me tem amor, há de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada».
 
Mas como pode o cristão chegar a tanto? Como pode trazer em si o próprio Deus? Qual o caminho para entrar nesta profunda comunhão com Ele?
É o amor por Jesus.
Um amor que não é mero sentimentalismo, mas que se traduz em vida concreta e, mais precisamente, em seguir a Sua Palavra.
É a este amor do cristão, verificado pelos factos, que Deus responde com o Seu amor: a Trindade vem habitar nele.

«Se alguém Me tem amor, há de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada».

«… há de guardar a minha palavra».
E quais são as palavras que o cristão é chamado a guardar?
No Evangelho de João “as minhas palavras” são muitas vezes sinónimo de “os meus mandamentos”. Portanto, o cristão é chamado a guardar os mandamentos de Jesus. Mas estes não devem ser entendidos apenas como um catálogo de leis. É preciso, sobretudo, vê-los todos sintetizados no mandamento que Jesus ilustrou com o lava-pés: o mandamento do amor recíproco. Deus manda a cada cristão amar o outro até à oferta total de si mesmo, como Jesus ensinou e fez.

«Se alguém Me tem amor, há de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada».

E, então, como viver bem esta Palavra? Como chegar ao ponto que o próprio Pai nos vai amar e a Trindade fará morada em nós?
Pondo em prática, com todo o nosso coração, com radicalidade e perseverança, precisamente, o amor recíproco entre nós.
É nisto, principalmente, que o cristão encontra também o caminho daquela profunda ascética cristã que o Crucificado exige dele. De facto, é com o amor recíproco que florescem no seu coração as várias virtudes e é com este amor que ele pode corresponder ao chamamento da sua santificação pessoal.

Chiara Lubich

1) Publicada em Città Nuova, 2001/8, p. 7.


sábado, 6 de outubro de 2012

Palavra de Vida - outubro - com desenhos

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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Palavra de Vida - outubro

«Porque Tu o dizes, lançarei as redes» (Lc 5, 5)

Escrita em 1983 (1)
 Quando acabou de ensinar, sentado no barco de Simão, Jesus disse a ele e aos seus companheiros para lançarem as redes ao mar. Simão, depois de afirmar que durante toda a noite tinham trabalhado em vão, acrescentou: «Porque Tu o dizes, lançarei as redes».
E, lançando as redes, estas ficaram de tal modo cheias de peixe que se iam rompendo. Vieram então alguns companheiros ajudá-lo e também eles encheram os seus barcos a ponto de quase se afundarem. Simão, estupefacto – como também Tiago e João, seus companheiros –, ­lançou-se então aos pés de Jesus, pedindo-lhe que se afastasse dele, que era pecador. Mas Jesus disse-lhe para não temer: a partir daquele momento tornar-se-ia pescador de homens E, no mesmo instante, Simão, Tiago e João tornaram-se seus discípulos.
Este é o episódio da pesca milagrosa, que simboliza a futura missão dos Apóstolos. O comportamento de Pedro é modelo, não só para os outros Apóstolos e para aqueles que lhe sucederam, mas também para cada cristão.

 «Porque Tu o dizes, lançarei as redes».

 Depois de uma noite infrutífera, Pedro, especialista em pesca, pode­ria ter sorrido e recusado aceitar o convite de Jesus a lançar as redes de dia, o momento menos adequado. Pelo contrário, passando por cima do seu modo de pensar, confiou em Jesus.
Esta é uma situação típica pela qual também hoje cada crente, precisa­mente por ser crente, é chamado a passar. De facto, a sua fé é posta à prova de mil maneiras.
Seguir Cristo significa decisão, empenho e perseverança, ao passo que, neste mundo em que vivemos, tudo parece convidar ao relaxamento, à mediocridade, ao “deixar andar”. A tarefa parece demasiado grande, impossível de alcançar, e, já à partida, desti­nada a fracassar.
É preciso, então, ter a força de ir em frente, de resistir ao ambiente, ao contexto social, aos amigos, aos media.
É uma dura prova a combater dia após dia, ou melhor, hora após hora.
Mas, se a enfrentarmos e a aceitarmos, ela poderá servir para nos fazer amadurecer como cristãos, para nos fazer experimentar que as extraordinárias palavras de Jesus são verdadeiras, que as Suas pro­messas se realizam, que se pode iniciar na vida uma aventura divina muito mais fascinante do que todas as outras que possamos imaginar. Podemos ser testemunhas, por exemplo, de que – enquanto no mundo a vida é, muitas vezes, penosa, monótona e infrutífera – Deus enche de bens quem O segue: dá o cêntuplo nesta vida, além da vida eterna. É a pesca milagrosa que se renova. 

 «Porque Tu o dizes, lançarei as redes».

 Como pôr em prática, então, esta Palavra?
Fazendo também nós a escolha de Pedro: «Porque Tu o “dizes”...». Ter confiança na Sua Palavra, nunca duvidar daquilo que Ele pede. Pelo contrário: basear o nosso comportamento, a nossa atividade, a nossa vida na Sua Palavra.
A nossa existência colocará os seus alicerces no que há de mais sólido e seguro. Iremos contemplar estupefactos que, precisamente quando todas as forças humanas escasseiam, Ele intervém. E que ali, onde humanamente é impossível, nasce a Vida.

Chiara Lubich

1) Publicada em Città Nuova, 1983/2, pp. 40-41.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Palavra de Vida - setembro - com fotografias

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sábado, 1 de setembro de 2012

Palavra de Vida - setembro

«Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede; mas, quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede: a água que eu lhe der há de tornar-se nele em fonte de água que dá a vida eterna»  
(Jo 4, 13-14).

A conversa de Jesus com a Samaritana, perto do poço de Jacob, é uma verdadeira pérola do Evangelho. Jesus fala da água como o elemento mais simples, mas que, no fundo, é o mais desejado e mais vital para quem está em contacto com o deserto. Jesus não precisava de dar muitas explicações para fazer compreender o que significava a água.
A água da fonte serve para a nossa vida natural, ao passo que a água viva, de que Jesus fala, serve para a vida eterna.
Tal como o deserto só floresce depois de uma chuva abundante, também as sementes sepultadas em nós desde o Baptismo só podem germinar se forem regadas com a Palavra de Deus. Então a planta cresce, dá novos rebentos e ganha a forma de uma árvore ou de uma lindíssima flor. E tudo isso porque recebe a água viva da Palavra que faz surgir a vida e a mantém para a eternidade. 

«Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede; mas, quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede: a água que eu lhe der há de tornar-se nele em fonte de água que dá a vida eterna».
 
As palavras de Jesus são dirigidas a todos nós, que andamos sedentos neste mundo. São para aqueles que têm consciência da sua aridez espiritual e ainda sentem a pungência da sede, e também para aqueles que já nem sequer sentem a necessidade de ir beber à fonte da verdadeira vida, nem aos grandes valores da humanidade.
Mas, afinal, Jesus dirige um convite a todos os homens e mulheres de agora, revelando onde podemos encontrar a resposta para as nossas inquietações, e a satisfação total dos nossos desejos.
Todos nós, então, só temos que ir beber às Suas Palavras e deixar­-nos embeber pela Sua mensagem.
De que modo?
Reevangelizando a nossa vida, confrontando-a com as Suas Palavras, procurando pensar com o pensamento de Jesus e amar com o Seu coração. Cada momento em que procuramos viver o Evangelho é como se bebêssemos uma gota daquela água viva. Cada gesto de amor para com o nosso próximo é um gole daquela água.
Sim, porque aquela água tão viva e preciosa tem isto de especial: torna-se uma fonte no nosso coração todas as vezes que vivemos o amor para com todos. A fonte de Deus é uma fonte que oferece água, na medida em que o seu veio profundo servir para saciar a sede aos outros, com pequenos ou grandes gestos de amor. 

«Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede; mas, quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede: a água que eu lhe der há de tornar-se nele em fonte de água que dá a vida eterna».
 
Portanto, compreendemos que, para não sofrermos a sede, te­mos que oferecer aos outros a água viva que formos buscar a Ele em nós mesmos. Bastará uma palavra, um sorriso, um simples gesto de solidariedade, para voltarmos a dar, a nós mesmos, uma sensação de plenitude, de satisfação profunda, um jorro de alegria. E, se continuarmos a dar, esta fonte de paz e de vida fará nascer, em nós, água com uma abundância cada vez maior, sem nunca se secar.
E há também um outro segredo que Jesus nos revelou, uma espécie de poço sem fundo aonde podemos ir beber. Quando dois ou três se unirem no Seu nome, amando-se com o mesmo amor de Jesus, Ele está no meio deles (2). E é então que nos sentimos livres, unidos, cheios de luz, e veremos correr rios de água viva do nosso coração (3). É a promessa de Jesus que se realiza, porque é d’Ele mesmo, presente no meio de nós, que jorra a água que sacia a sede por toda a eternidade.

Chiara Lubich

1) Publicada em Città Nuova, 2002/4, p.7; 2) cf. Mt 18, 20; 3) cf. Jo 7, 38.





quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Palavra de Vida - agosto


Escrita em 1984 (1)

«Todo aquele que se declarar por mim, diante dos homens, também me declararei por ele diante do meu Pai que está no Céu. Mas aquele que me negar diante dos homens, também o hei de negar diante do meu Pai que está no Céu» (Mt 10, 32-33).

Esta Palavra é de grande conforto e de estímulo para todos nós, cristãos.
Com ela, Jesus exorta-nos a viver com coerência a nossa fé n’Ele. Porque o nosso destino eterno depende da atitude que tivermos assumido para com Ele, durante a nossa existência terrena. Se nos tivermos declarado por Ele diante dos homens – diz Jesus – dar-lhe-emos motivo para se declarar por nós diante do Seu Pai. Se, pelo contrário, O tivermos negado diante dos homens, também Ele nos negará diante do Pai.

«Todo aquele que se declarar por mim, diante dos homens, também me declararei por ele diante do meu Pai que está no Céu. Mas aquele que me negar diante dos homens, também o hei de negar diante do meu Pai que está no Céu».

Jesus recorda o prémio ou o castigo, que nos esperam depois desta vida, porque nos ama. Como diz um Padre da Igreja, Ele sabe que, por vezes, o receio de um castigo é mais eficaz do que a promessa de uma boa recompensa. Por isso, alimenta em nós a esperança da felicidade sem fim e, ao mesmo tempo, para nos salvar, suscita em nós o medo da condenação.
Aquilo que Lhe interessa é que consigamos viver para sempre com Deus. É, aliás, a única coisa que conta. Foi para esse objetivo que fomos chamados à existência: na verdade, só com Ele atingiremos a completa realização de nós mesmos, a satisfação plena de todas as nossas aspirações. É por isso que Jesus nos exorta a “declararmo-nos por Ele”, já nesta Terra. Se, pelo contrário, nesta vida, não quisermos ter nada a ver com Ele, se agora O negarmos, quando tivermos que passar para a outra Vida, encontrar-nos-emos separados d’Ele para sempre.
No final do nosso caminho terreno, portanto, Jesus limitar-se-á a confirmar diante do Pai a escolha que cada um tiver feito na Terra, com todas as suas consequências. E, referindo-Se ao Juízo Final, mostra-nos toda a importância e a seriedade da decisão que aqui tomarmos: na verdade, está em jogo a nossa eternidade.

«Todo aquele que se declarar por mim, diante dos homens, também me declararei por ele diante do meu Pai que está no Céu. Mas aquele que me negar diante dos homens, também o hei de negar diante do meu Pai que está no Céu».

Como aproveitar este aviso de Jesus? Como viver esta Sua Palavra?
É Jesus que no-lo diz: «Todo aquele que se declarar por mim…».
Decidamo-nos, então, a declarar-nos por Ele diante dos homens, com simplicidade e franqueza.
Vençamos o respeito humano. Deixemos a mediocridade e as meias medidas, que esvaziam de autenticidade até a nossa vida de cristãos.
Lembremo-nos que somos chamados a ser testemunhas de Cristo: Ele quer fazer chegar a todos os homens a Sua mensagem de paz, de justiça, de amor, precisamente através de nós.
Testemunhemo-Lo onde quer que nos encontremos, por motivos de família, de trabalho, de amizade, de estudo, ou pelas várias circunstâncias da vida.
Dêmos esse testemunho, antes de mais, com o nosso comportamento: com a honestidade da vida, com a pureza dos costumes, com o desapego do dinheiro, com a participação nas alegrias e nos sofrimentos dos outros.
Dêmo-lo, de modo especial, com o nosso amor recíproco, com a nossa unidade, para que a paz e a alegria pura, que Jesus prometeu a quem estiver unido a Ele, nos inundem a alma já nesta Terra e transbordem sobre os outros.
E a quem nos perguntar por que nos comportamos assim, por que estamos tão calmos, apesar das dificuldades deste mundo tão atribulado, não tenhamos vergonha de responder, com humildade e sinceridade, usando aquelas palavras que o Espírito Santo nos sugerir. Daremos, assim, testemunho de Cristo também com a palavra, até no campo das ideias.
Então, talvez muitos daqueles que O procuram, O poderão encontrar.
Outras vezes, podemos ser mal entendidos, contestados. Podemos tornar-nos alvo de troça, ou até de aversão ou de perseguição. Jesus avisou-nos também disso: «Se me perseguiram a Mim, também vos hão-de perseguir a vós» (2).
Estamos no caminho certo. Continuemos, por isso, a testemunhá-Lo com coragem até no meio das provações, mesmo que nos custe a vida. A meta que nos espera vale esse preço: é o Céu, onde Jesus, que amamos, se declarará por nós diante do Seu Pai, por toda a eternidade. 

Chiara Lubich

1) Publicada em Città Nuova, 1984/12, pp. 10-11; 2) Jo 15, 20.

domingo, 1 de julho de 2012

Palavra de Vida - julho - com desenhos

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Palavra de Vida - julho

«Àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado» (Mt 13, 12). 
 Escrita em 1996 (1) 

Esta foi a resposta de Jesus aos seus discípulos, quando Lhe perguntaram porque é que falava por meio de parábolas. Ele explica que nem a todos é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas só às pessoas bem preparadas, àquelas que aceitam as Suas palavras e as vivem. De facto, entre os seus ouvintes, estavam pessoas que fechavam voluntariamente os olhos e os ouvidos de forma que «vêem, sem ver, e ouvem, sem ouvir nem compreender» (2). São aqueles que vêem e ouvem Jesus mas, pensando que já conhecem toda a verdade, não acreditam nas Suas palavras, nem nos factos que as confirmam. E, assim, acabam por perder até aquele pouco que têm. 

«Àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado». 

 Qual é, então, o significado desta frase de Jesus? Ele convida-nos a abrir o nosso coração à Palavra que nos veio anunciar, e da qual nos pedirá contas no fim da vida. Os escritos evangélicos mostram-nos que o anúncio desta Palavra está no centro de todos os desejos e de toda a atividade de Jesus. Nós vemo-Lo ir de aldeia em aldeia, pelas estradas, pelas praças, pelos campos, entrar nas casas, nas sinagogas, para anunciar a mensagem da salvação, dirigindo-se a todos, mas sobretudo aos pobres, aos humildes, àqueles que tinham sido marginalizados. Ele compara a sua Palavra à luz, ao sal, ao fermento, a uma rede lançada ao mar, à semente semeada no campo. E irá dar a vida para que o fogo, que a Palavra contém, se alastre. 

«Àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado».

 Jesus espera que a Palavra, que Ele anunciou, produza a transformação do mundo. Por isso, não aceita que, diante desse anúncio, se possa permanecer neutro, apático ou indiferente. Não admite que, depois de se receber uma riqueza tão grande, se possa permanecer improdutivo. E, para sublinhar esta sua exigência, Jesus reafirma aqui uma sua lei, que está na base de toda a vida espiritual: se alguém puser em prática a sua Palavra, Ele introduzi-lo-á, cada vez mais, nas riquezas e nas alegrias incomparáveis do seu Reino. Pelo contrário, se alguém não fizer caso desta Palavra, Jesus tirar-lha-á e confiá-la-á a outros, para que a façam frutificar. 

«Àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado». 

 Esta Palavra de Vida põe-nos, portanto, de sobreaviso contra uma falta grave em que podemos cair: isto é, considerar o Evangelho unicamente como objeto de estudo, de admiração, de discussão, mas sem o pôr em prática. Pelo contrário, Jesus espera que nós recebamos a Palavra e a encarnemos dentro de nós, fazendo com que se torne a força que alimenta todas as nossas atividades. E, assim, através do testemunho da nossa vida, será aquela luz, aquele sal, aquele fermento que, pouco a pouco, vai transformando a sociedade. Tomemos, então, em evidência, durante este mês, uma das muitas Palavras de Vida do Evangelho e coloquemo-la em prática. E a nossa alegria multiplicar-se-á. 

Chiara Lubich 

1) Publicada em Città Nuova, 1996/12, pp. 32-33; 2) Mt 13, 13.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Palavra de Vida - junho - com fotografias


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Palavra de Vida - junho - com desenhos

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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Palavra de Vida - junho


Escrita em 1985 (1)

«Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará» (Jo 6, 27).

Depois de ter dado de comer às multidões com a multiplicação dos pães, perto do lago de Tiberíades, Jesus tinha-Se transferido em segredo para a outra margem, na zona de Cafarnaum, para Se ocultar da multidão que O queria fazer rei. Mesmo assim, muitas pessoas tinham começado a procurá-Lo e tinham-No encontrado. Mas Jesus não aceita o seu entusiasmo demasiado interesseiro. Eles tinham comido o pão milagroso, mas detiveram-se na mera dádiva material sem compreenderem o significado profundo daquele pão. Através do pão, Jesus revela-se como o enviado do Pai, para dar a verdadeira vida ao mundo. Mas eles veem em Jesus apenas um taumaturgo, um Messias terreno, capaz de lhes arranjar o alimento material em abundância e a bom preço. É neste contexto que Jesus lhes dirige a palavra:

«Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará».

O “alimento que não desaparece” é a própria pessoa de Jesus e é também o Seu ensinamento, uma vez que o ensinamento de Jesus é uma coisa só com a Sua pessoa. E, lendo mais à frente outras palavras de Jesus, verifica-se que este “pão que não desaparece” se identifica também com o corpo eucarístico de Jesus. Pode então dizer-se que o “pão que não desaparece” é Jesus em pessoa. É Ele que Se doa a nós na Sua Palavra e na Eucaristia.

«Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará».

A imagem do pão surge frequentemente na Bíblia, como aliás a da água. O pão e a água representam os alimentos primários, indispensáveis para a vida do homem. Ora, Jesus, aplicando a Si mesmo a imagem do pão, quer dizer que a Sua pessoa, o Seu ensinamento, são indispensáveis para a vida espiritual do homem, tal como o pão é indispensável para a vida do corpo.
O pão material é, sem dúvida, necessário. O próprio Jesus o distribui milagrosamente às multidões. Mas só por si não basta. O homem traz em si mesmo – talvez sem se dar perfeitamente conta disso – uma fome de verdade, de justiça, de bondade, de amor, de pureza, de luz, de paz, de alegria, de infinito, de eterno, que nada neste mundo é capaz de satisfazer. Jesus propõe-se a Si mesmo como Aquele que é o único capaz de saciar a fome interior de cada pessoa.

«Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará».

Mas, ao apresentar-se como o “pão de vida”, Jesus não se limita a afirmar a necessidade de nos nutrirmos d’Ele, isto é, que é necessário acreditar nas Suas Palavras para termos a vida eterna. Jesus quer impelir-nos a fazer a experiência d’Ele. Na verdade, Ele, com a Palavra: «Trabalhai pelo alimento que não desaparece», faz um insistente convite. Diz que é necessário arregaçar as mangas, pôr em ação todos os meios possíveis para obter este alimento. Jesus não se impõe, mas quer ser descoberto, quer ser experimentado.
Claro que o homem, só com as suas forças, não é capaz de atingir Jesus. Só o pode fazer por uma graça de Deus. Todavia, Jesus convida continuamente o homem a dispor-se para aceitar a dádiva de Si mesmo, que Jesus lhe quer fazer. E é precisamente esforçando-se por pôr em prática a Sua Palavra, que o homem chega à fé plena n’Ele. Chega a saborear a Sua Palavra, como quem saboreia um pão fresco e apetitoso.

«Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará».

A Palavra deste mês não tem por objetivo um ponto especial do ensinamento de Jesus (como, por exemplo, o perdão das ofensas, o desapego das riquezas, etc.), mas reconduz-nos à própria raiz da vida cristã, que é a nossa relação pessoal com Jesus.
Penso que quem começou a viver com empenho a Sua Palavra e, sobretudo, o mandamento do amor ao próximo, síntese de todas as palavras de Deus e de todos os mandamentos, verifica, pelo menos um pouco, que Jesus é o “pão” da sua vida, capaz de saciar os desejos do seu coração. É a fonte da sua alegria, da sua luz. Pondo-a em prática, já chegou a saborear a Palavra, ao menos um pouco, como a verdadeira resposta para os problemas da humanidade e do mundo. E, dado que Jesus “pão da vida” faz a oferta suprema de Si mesmo na Eucaristia, vai espontaneamente receber com amor a Eucaristia, que ocupa um lugar importante na sua vida.
É necessário, então, que aqueles de nós que fizeram esta estupenda experiência, com o mesmo zelo com que Jesus incita a trabalhar pelo “pão da vida”, não guarde para si a sua descoberta, mas a comunique a outros, para que muitos encontrem em Jesus aquilo que desde sempre procuraram. É um ato de amor enorme que podemos fazer aos outros, para que também eles possam conhecer o que é a verdadeira vida, já nesta Terra, e tenham a vida que não morre. E que mais se poderá desejar?

Chiara Lubich

1) Publicada em Città Nuova, 1985/14, pp. 10-11.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Palavra de Vida - maio - com desenhos


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terça-feira, 1 de maio de 2012

Palavra de Vida - maio

«Eu vim lançar fogo sobre a Terra; e como gostaria que ele já estivesse aceso!» (Lc 12, 49).

Escrita em 2001 (1)

No Antigo Testamento, o fogo é o símbolo da Palavra de Deus, pronunciada pelo profeta. Mas simboliza também o julgamento divino, que irá purificar o seu povo, quando passar no meio dele.
Assim é a Palavra de Jesus: constrói, mas, ao mesmo tempo, destrói o que não tem consistência, o que deve cair, o que é vaidade, para deixar de pé unicamente a verdade.
João Batista tinha dito acerca d’Ele: «Ele há de batizar-vos no Espírito Santo e no fogo» (2). É o anúncio antecipado do batismo cristão, inaugurado no dia do Pentecostes com a efusão do Espírito Santo e o aparecimento das línguas de fogo (3).
Portanto, é esta a missão de Jesus: lançar fogo sobre a Terra, trazer o Espírito Santo com a sua força renovadora e purificadora.

«Eu vim lançar fogo sobre a Terra; e como gostaria que ele já estivesse aceso!».

Jesus dá-nos o Espírito. Mas de que modo atua o Espírito Santo?
Ele atua derramando em nós o amor. Um amor que nós, segundo o Seu desejo, devemos manter aceso nos nossos corações.
E como é esse amor?
Não é como o amor terreno, que é limitado. É o amor evangélico. Por isso, é universal, como é o amor do Pai celeste, que manda a chuva e o sol sobre todos, sobre os bons e sobre os maus, incluindo os inimigos.
É um amor que nunca pretende nada dos outros, mas toma sempre a iniciativa: é o primeiro a amar.
É um amor que se “faz um” com cada pessoa que encontra: sofre com ela, alegra-se com ela, preocupa-se com ela e tem, com ela, esperança. Sempre que necessário, demonstra-o de modo concreto, com factos. Portanto, não é simplesmente um amor sentimental, ou feito só de palavras.
É um amor através do qual se ama Cristo em cada irmão ou irmã, recordando as Suas palavras: «Foi a mim que o fizestes» (4).
Além disso, é um amor que tende à reciprocidade, para realizar, com os outros, o amor recíproco.
É este amor que – sendo uma expressão visível e concreta da nossa vida evangélica – sublinha e dá valor às palavras que, a seguir, poderemos e deveremos usar para evangelizar.

«Eu vim lançar fogo sobre a Terra; e como gostaria que ele já estivesse aceso!».

O amor é como um fogo. O importante é que permaneça aceso. E, para estar aceso, tem de queimar sempre qualquer coisa. Antes de mais, pode queimar o nosso eu egoísta. E isso é possível porque, quando amamos, estamos totalmente projetados no outro: ou em Deus, fazendo a Sua vontade; ou no próximo, ajudando-o.
Todo o fogo aceso, mesmo que seja pequeno, se for alimentado, pode transformar-se num grande incêndio. No incêndio de amor, de paz, de fraternidade universal que Jesus trouxe à Terra.

Chiara Lubich

1) Publicada em Città Nuova, 2001/14, p. 37; 2) Lc 3, 16; 3) cf. At 2, 3; 4) Mt 25, 40.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Palavra de Vida - abril - com fotografias


Para os mais jovens aqui fica a Palavra de Vida deste mês - adaptação ao comentário de Chiara Lubich - ilustrada com fotografias. Pode fazer-se o download para o computador ou clicar em cima para ver a imagem maior.

Palavra de Vida - abril - com desenhos


Para as crianças aqui fica a Palavra de Vida deste mês - adaptação ao comentário de Chiara Lubich - ilustrada com desenhos. Pode fazer-se o download para o computador, para imprimir e pintar ou clicar em cima para ver a imagem maior.

domingo, 1 de abril de 2012

Palavra de Vida - abril


«Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado»  
(Jo 15, 3).

Penso que, quando ouviram de Jesus esta palavra decidida de encorajamento, o coração dos discípulos estremeceu de alegria.
Como seria maravilhoso se Jesus pudesse dirigi-la também a nós!
Para sermos um pouco dignos dela, procuremos compreendê-la.
Jesus tinha acabado de fazer a famosa comparação da videira e das varas. Ele é a verdadeira videira, o Pai é o agricultor, que corta as varas que não dão fruto e poda todas as varas que dão fruto, para que dêem mais fruto.
Depois de explicar isto, Ele afirma:

«Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado».

«Já estais purificados...». De que pureza se trata?
É aquela disposição de ânimo necessária para estar diante de Deus, aquela ausência de obstáculos (como o pecado, por exemplo) que se opõem ao contacto com o sacro e ao encontro com o divino.
Para ter esta pureza é necessária urna ajuda do Alto.
Já no Antigo Testamento o homem tinha tomado consciência da sua incapacidade de se aproximar de Deus apenas com as suas próprias forças. Era necessário que Deus lhe purificasse o coração, lhe desse um coração novo.
Há um Salmo lindíssimo que diz: «Cria em mim, ó Deus, um coração puro» (2).

«Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado».

Segundo Jesus, existe um meio para se ser puro: é a Sua Palavra. Aquela Palavra que os discípulos ouviram, e à qual aderiram, purificou-os.
A Palavra de Jesus, na verdade, não é como as palavras humanas. Nela está presente Cristo tal como, de outro modo, está presente na Eucaristia. Por meio dela, Cristo entra em nós. Aceitando-a, pondo-a em prática, faz-se com que Cristo nasça e cresça no nosso coração.
Paulo VI dizia: «Como é que Jesus se torna presente nas almas? Através da comunicação da Palavra passa o pensamento divino, passa o Verbo, o Filho de Deus feito Homem. Poder-se-ia afirmar que o Senhor Se encarna dentro de nós, quando aceitamos que a Palavra venha viver dentro de nós» (3).

«Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado».

A Palavra de Jesus é também comparada a uma semente lançada no íntimo do crente. Quando é recebida, ela penetra em cada pessoa e, como uma semente, desenvolve-se, cresce, dá fruto, “cristifica”, tornando-nos semelhantes a Cristo.
Quando é interiorizada pelo Espírito, a Palavra tem realmente a capacidade e a força de manter o cristão afastado do mal: enquanto deixar agir em si a Palavra, ele estará livre do pecado, e, portanto, é puro. Pecará só se deixar de obedecer à verdade.

«Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado».

Como devemos viver, então, para merecermos também nós o elogio de Jesus?
Pondo em prática cada Palavra de Deus, nutrindo-nos dela, momento após momento. Fazendo da nossa existência uma obra de contínua reevangelização. Deste modo podemos chegar a ter os mesmos pensamentos e sentimentos de Jesus, para O revivermos no mundo, para mostrarmos à sociedade – muitas vezes enredada no visco do mal e do pecado – a pureza divina, a transparência que o Evangelho dá.
Durante este mês, ainda, se for possível (isto é, se as nossas intenções forem partilhadas por outros), procuremos pôr em prática, de modo especial, a Palavra que exprime o mandamento do amor recíproco. Na verdade, para João evangelista – que refere a frase de Jesus que hoje consideramos – existe uma ligação entre a Palavra de Cristo e o mandamento novo.
Segundo ele, é no amor recíproco que se vive a Palavra com os seus efeitos de purificação, de santidade, de impecabilidade, de fruto, de proximidade com Deus. O indivíduo isolado é incapaz de resistir durante muito tempo às solicitações do mundo, ao passo que, no amor recíproco, encontra um ambiente são, onde pode proteger a sua existência cristã autêntica.

Chiara Lubich

1) Publicada em Città Nuova, 1982/8, pp. 42-42; 2) Sl 51, 12; 3) Insegnamenti di Paolo VI, V, Cidade do Vaticano 1967, p. 936.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Palavra de Vida - março

«A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!» (Jo 6, 68).

Jesus falava do Reino de Deus às multidões que vinham para O ouvir. Falava com palavras simples, usando parábolas sobre a vida de todos os dias. Mas a sua maneira de falar tinha um fascínio muito especial, encantava. As pessoas ficavam impressionadas porque Ele ensinava como alguém que tem autoridade, e não como os doutores da Lei. Mais tarde, até os guardas que O foram prender – respondendo aos sumos sacerdotes e aos fariseus que lhes perguntaram porque é que não tinham cumprido as ordens – disseram: «Nunca nenhum homem falou assim!» (2).
O Evangelho de S. João cita alguns diálogos cheios de luz com determinadas pessoas, como Nicodemos ou a samaritana. Jesus, quando fala aos Seus apóstolos, aprofunda ainda mais: fala abertamente do Pai e das coisas do Céu, já sem usar comparações. Eles ficam conquistados, e não O deixam, nem sequer quando não compreendem perfeitamente as Suas palavras, ou quando estas lhes parecem demasiado exigentes.
«Que palavras insuportáveis!» (3), disseram-Lhe alguns discípulos quando O ouviram dizer que lhes daria o Seu corpo a comer e o Seu sangue a beber.
Jesus, ao ver que esses discípulos se afastavam e já não andavam com Ele, dirigiu-se aos Doze Apóstolos: «Também vós quereis ir embora?» (4).
Pedro, já ligado a Ele para sempre, fascinado pelas palavras que Lhe tinha ouvido pronunciar desde o dia em que o encontrara, respondeu, em nome de todos:

«A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!».


Pedro tinha percebido que as palavras do Seu Mestre eram diferentes das palavras dos outros mestres. As palavras terrenas pertencem à Terra e têm o mesmo destino que a Terra. As palavras de Jesus são espírito e vida porque vêm do Céu. São uma luz que desce do Alto e têm a força do Alto. Possuem uma densidade e uma profundidade que as outras palavras não têm, sejam elas de filósofos, políticos ou poetas. São «palavras de vida eterna» (5) porque contêm, exprimem e comunicam a plenitude daquela vida que não tem fim, porque é a vida do próprio Deus.
Jesus ressuscitou e vive. E as Suas palavras, ainda que pronunciadas no passado, não são uma simples recordação. São palavras que Ele dirige hoje a todos nós e às pessoas de todos os tempos e de todas as culturas: palavras universais, eternas.
As palavras de Jesus! Devem ter sido a Sua maior arte, se assim se pode dizer. O Verbo que fala com palavras humanas: que conteúdo, que intensidade, que tom, que voz!
«Certo dia – conta, por exemplo, Basílio, o Grande (6) –, pareceu-me despertar de um sono profundo. Abri-me à maravilhosa luz da verdade evangélica e compreendi a inutilidade da sabedoria dos mestres deste mundo» (7).
Teresa de Lisieux, numa carta de 9 de maio de 1897, escreveu: «Às vezes, quando leio certos tratados espirituais (…) a minha pobre inteligência cansa-se muito depressa, fecho o sábio livro que me quebra a cabeça e me seca o coração, e pego na Sagrada Escritura. Então tudo me parece luminoso, uma só palavra revela à minha alma horizontes infinitos e a perfeição parece-me fácil» (8).
Sim, as palavras divinas saciam o espírito, feito para o infinito. Iluminam interiormente não só a inteligência, mas todo o ser, porque são luz, amor e vida. Dão paz – aquela que Jesus chama Sua: «a minha paz» – mesmo nos momentos de inquietação e de angústia. Dão alegria plena, até no meio do sofrimento que, por vezes, despedaça a alma. Dão força, sobretudo quando nos falta a coragem e sentimos o desânimo. Tornam-nos livres, porque abrem o caminho da Verdade.

«A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!».

A Palavra de Vida deste mês lembra-nos que o único Mestre que queremos seguir é Jesus, até quando as suas palavras nos possam parecer duras ou demasiado exigentes: ser honestos no trabalho, perdoar, pôr-se ao serviço dos outros, em vez de pensar egoisticamente em nós mesmos, permanecer fiel à vida familiar, assistir a um doente em fase terminal sem ceder à ideia da eutanásia…
Há muitos mestres que nos convidam a escolher soluções fáceis, a entrar em “compromissos”. Mas nós queremos ouvir o único Mestre e segui-Lo a Ele, que é o único que diz a verdade e tem «palavras de vida eterna». Assim, também nós podemos repetir as palavras de Pedro.
Neste período da Quaresma, em que nos preparamos para a grande festa da Ressurreição, devemos realmente entrar na escola do único Mestre e tornarmo-nos Seus discípulos. Também em nós deve nascer um amor apaixonado pela Palavra de Deus: ouçamo-la com atenção quando nos for proclamada nas igrejas, quando a lermos, estudarmos, meditarmos...
Mas nós somos chamados, sobretudo, a vivê-la, segundo o ensinamento da própria Escritura: «Tendes de a pôr em prática e não apenas ouvi-la, enganando-vos a vós mesmos» (9). É por isso que, todos os meses, tomamos especialmente uma em consideração, deixando que ela nos penetre, nos molde, que “viva em nós”. Vivendo uma palavra de Jesus vivemos todo o Evangelho, porque Ele dá-Se completamente em cada uma das Suas palavras. É Ele mesmo que vem viver em nós. É como uma gota de sabedoria divina do Ressuscitado, que lentamente vai abrindo espaço dentro de nós e vai substituindo o nosso modo de pensar, de querer, de agir em todas as circunstâncias da vida.
 
Chiara Lubich

1) Publicada em Cidade Nova, 2003/2 (março/abril), pp. 22-23; 2) Jo 7, 46; 3) Jo 6, 60; 4) Jo 6, 67; 5) Jo 6, 68; 6) S. Basílio (330-379), bispo de Cesareia, Padre da Igreja; 7) Ep. CCXXIII, 2; 8) Santa Teresa do Menino Jesus, “Carta 226”, em Obras Completas, Edições Carmelo, Paço de Arcos, 1996, p. 608; 9) Tg 1, 22.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Palavra de Vida - fevereiro

«Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».
(Mc 1, 15).

No Evangelho de S. Marcos, o anúncio de Jesus ao mundo, a Sua mensagem de salvação, começa assim: «Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho».
Com a vinda de Jesus, desponta uma era nova: a era da graça e da salvação.
E as Suas primeiras palavras são um convite a aceitar a grande novidade, a própria realidade do Reino de Deus, que Ele põe ao alcance de todos, perto de cada pessoa.
E indica imediatamente o caminho: arrepender-se e acreditar no Evangelho.
Isto é, mudar completamente de vida e aceitar, em Jesus, a palavra que Deus dirige, através do Filho, à humanidade de todos os tempos.
São duas coisas inseparáveis: o arrependimento e a fé. Não existe uma sem a outra. Mas ambas nascem do contacto com a palavra viva, com a presença de Jesus, que ainda hoje repete às multidões:

«Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».

Quando se aceita e se vive a Palavra de Deus, ela produz uma mudança radical de mentalidade (= conversão). Infunde nos corações de todas as pessoas (europeias, asiáticas, australianas, americanas, africanas) os mesmo sentimentos que Cristo teria perante as circunstâncias, os indivíduos e a sociedade.
Mas como é que o Evangelho pode realizar o milagre de um profundo arrependimento ou conversão, de uma fé nova e luminosa? O segredo está no mistério que as palavras de Jesus encerram. Não são simplesmente exortações, sugestões, indicações, orientações, ordens ou mandamentos. Na palavra de Jesus está presente o próprio Jesus que fala, que nos fala. As suas palavras são Ele mesmo, são o próprio Jesus.
E, assim, nós encontramo-Lo na Palavra. E, recebendo a palavra no nosso coração, como Ele quer que seja recebida (isto é, estando dispostos a vivê-la), somos uma coisa só com Ele, que nasce ou cresce em nós. Eis por que cada um de nós pode e deve aceitar o convite tão insistente e exigente de Jesus.

«Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».

Talvez haja quem considere as palavras do Evangelho demasiado elevadas e difíceis, demasiado distantes da maneira de viver e de pensar comuns, e tenha a tentação de não lhes prestar atenção, de desanimar. Mas isso acontece quando pensamos que devemos afastar, sozinhos, a montanha da nossa própria incredulidade. Pelo contrário, bastaria que nos esforçássemos por viver uma única palavra do Evangelho para encontrarmos nela um auxílio inesperado, uma força única, um farol para os nossos passos (cf. Sl 118, 105).
Pois a comunhão com aquela Palavra, que é uma presença de Deus, torna-nos livres, purifica, converte, traz conforto, alegria, transmite sabedoria.

«Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».

Quantas vezes, durante o dia, esta palavra pode ser uma luz para o nosso caminho! Sempre que nos depararmos com a nossa fraqueza ou com a dos outros, sempre que nos parecer impossível ou absurdo seguir Jesus, sempre que as dificuldades tentarem abater-nos, esta palavra pode ser, para nós, o momento decisivo. É como uma lufada de ar fresco, um estímulo
para recomeçarmos.
Bastará uma pequena e rápida “conversão” de rota para sairmos do nosso eu fechado e nos abrirmos a Deus. Iremos experimentar uma nova vida, a verdadeira. Se, além disso, pudermos partilhar essa experiência com alguma pessoa amiga, que também tenha feito do Evangelho o seu código de vida, veremos desabrochar, ou voltar a florescer, a comunidade cristã à nossa volta. Pois a palavra de Deus, vivida e comunicada, faz também este milagre: dá origem a uma comunidade visível, que se torna fermento e sal da sociedade, testemunhando Cristo em cada canto da Terra.

Chiara Lubich

1) Publicada em Città Nuova, 1997/2, pp. 32-33. Escrita em 1997 (1)

domingo, 1 de janeiro de 2012

Palavra de Vida - janeiro

«Portanto, já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus» (Cl 3, 1).

Estas palavras, que S. Paulo dirigiu à comunidade de Colossos, dizem-nos que existe um mundo onde reina o verdadeiro amor, a plena comunhão, a justiça, a paz, a santidade, a alegria. Um mundo em que o pecado e a corrupção já não podem entrar. Um mundo em que a vontade do Pai é perfeitamente observada. É o mundo a que pertence Jesus. É o mundo que Ele nos abriu, de par em par, com a sua ressurreição, passando pela dura prova da paixão.

«Portanto, já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus».

A este mundo de Cristo – diz S. Paulo –, nós, não só somos chamados, mas já pertencemos. A fé diz-nos que, mediante o baptismo, nós somos inseridos n’Ele e, por isso, participamos da sua vida, das suas riquezas, da sua herança, da sua vitória sobre o pecado e sobre as forças do mal: de facto, ressuscitámos com Ele.
Mas, ao contrário das almas santas que já chegaram à meta, a nossa participação nesse mundo de Cristo ainda não é total e límpida. Sobretudo, ainda não é estável e definitiva. Enquanto vivermos nesta Terra estamos expostos a mil e um perigos, dificuldades e tentações, que nos podem fazer vacilar, podem travar a nossa caminhada, ou até desviá-la para falsas metas.

«Portanto, já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus».

Compreende-se, então, a exortação do Apóstolo: «Procurai as coisas do alto». Procuremos sair, não já materialmente, mas espiritualmente, deste mundo. Abandonemos as regras e as paixões do mundo para nos deixarmos guiar, em cada situação, pelos pensamentos e pelos sentimentos de Jesus. De facto, “as coisas do alto” significam a lei do alto, a lei do Reino dos Céus, que Jesus trouxe à Terra e quer que a sigamos desde já.

«Portanto, já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus».

Como viver, então, esta Palavra de Vida? Ela incentiva-nos a não nos contentarmos com uma vida medíocre, feita de meias medidas e compromissos, mas a adequá-la, com a graça de Deus, à lei de Cristo.
Estimula-nos a viver e a empenhar-nos em testemunhar, no nosso ambiente, os valores que Jesus trouxe à Terra: poderá ser o espírito de concór­dia e de paz, de serviço aos irmãos, de compreensão e de perdão, de honestidade, de justiça, de rectidão no nosso trabalho, de fidelidade, de pureza, de respeito pela vida, etc.
O programa, como se vê, é vasto como a vida. Mas, para não ficarmos numa coisa vaga, vivamos este mês aquela lei de Jesus que é, de certo modo, o resumo de todas as outras: vendo em cada irmão Cristo, coloquemo-nos ao seu serviço. Pois não é sobre isto que vamos ser interrogados no fim da nossa existência?

Chiara Lubich

1) Publicada em Città Nuova, 1988/6, p. 11.