quinta-feira, 23 de junho de 2011

Palavra de Vida - Junho

«Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai-vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom e Lhe é agradável e perfeito» [Rm 12, 2].(1)

Esta frase encontra-se na segunda parte da Carta de S. Paulo aos Romanos. Aqui, o Apóstolo descreve o procedimento cristão como expressão da nova vida, do verdadeiro amor, da verdadeira alegria e da verdadeira liberdade que Cristo nos deu. É a vida cristã como um novo modo de enfrentar, com a luz e a força do Espírito Santo, as várias tarefas e problemas que podemos vir a encontrar.
Neste versículo, estreitamente ligado ao anterior, o apóstolo define a finalidade e a atitude de base que deveriam caracterizar sempre o nosso comportamento: fazer da nossa vida um hino de louvor a Deus, um acto de amor prolongado no tempo, na busca constante da Sua vontade, daquilo que Lhe é mais agradável.

«Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai--vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom e Lhe é agradável e perfeito».

É evidente que, para cumprir a vontade de Deus, é necessário, primeiro, conhecê-la. Mas, como o apóstolo nos faz compreender, isso não é fácil. Não é possível conhecer bem a vontade de Deus sem uma luz especial. Uma luz que nos ajude a discernir, nas várias situações, aquilo que Deus quer de nós, evitando as ilusões e os erros em que facilmente poderíamos cair.
Trata-se daquele dom do Espírito Santo que se chama “discernimento” e que é indispensável para construir em nós uma autêntica mentalidade cristã.

«Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai--vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom e Lhe é agradável e perfeito».

Mas, como obter e desenvolver em nós esse dom tão importante? Claro que é preciso que tenhamos um bom conhecimento da doutrina cristã. Mas isso não é suficiente. Como nos sugere o apóstolo, é sobretudo uma questão de vida. É uma questão de generosidade, de esforço por viver a Palavra de Jesus, pondo de lado os receios, as incertezas e os cálculos mesquinhos. É uma questão de disponibilidade e de prontidão em cumprir a vontade de Deus. É esta a forma de adquirir a luz do Espírito Santo e construir em nós a nova mentalidade que aqui nos é pedida.

«Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai--vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom e Lhe é agradável e perfeito».

Como viveremos então a Palavra de Vida deste mês? Procurando merecer, também nós, aquela luz que é necessária para cumprir bem a vontade de Deus.
Vamos procurar então conhecer cada vez melhor a Sua vontade tal como nos é expressa através da Sua Palavra, dos ensinamentos da Igreja, dos deveres do nosso estado, etc.
Mas, sobretudo, procuremos vivê--la, já que, como acabámos de ver, é vivendo no amor que brota em nós a verdadeira luz. Jesus mani-festa-se a quem O ama e põe em prática os seus mandamentos (cf. Jo 14, 21).
Conseguiremos assim cumprir a vontade de Deus e dar-Lhe a melhor prenda que Lhe podemos oferecer. E isto ser-Lhe-á agradável não só pelo amor que poderá exprimir, mas também pela luz e pelos frutos de renovação cristã que suscitará à nossa volta.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Agosto de 1993, publicada em Città Nuova, 1993/14, pp. 34-35.